O nacionalismo deve estar subordinado aos interesses dos trabalhadores
O nacionalismo, entendido em sentido amplo, foi gradualmente incorporado no marxismo no século XX, especialmente graças ao leninismo, tendo Lenin como um pioneiro na discussão da questão nacional e o ápice desse processo nas lutas anti-coloniais e anti-imperialistas. "Nacionalismo" aqui se refere a reivindicações e lutas de caráter nacional, como a luta por auto-determinação, a luta por direitos linguísticos ou autonomia.
"Mas a luta a internacional, o capitalismo é globalizado!"
Sim é, e esse caráter internacional do capitalismo gera contradições nacionais. "O capitalismo se tornou um sistema mundial de opressão colonial e ESTRANGULAMENTO FINANCEIRO da grande maioria da população do mundo por um punhado de países avançados" (Lenin, "Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo")
Isso não significa, porém, que os marxistas-leninistas se igualem ao nacionalismo burguês ou pequeno-burguês. Tudo no marxismo e no movimento comunista é em função da política de classe. Todo nacionalismo e toda demanda nacional deve ser avaliada de acordo com os interesses da classe trabalhadora. O nacionalismo não é autônomo, um valor metafísico-místico, é uma política subordinada a luta da classe trabalhadora. Até o direito de auto-determinação deve ser colocado sob uma ótica dos interesses da classe trabalhadora.
Os bolcheviques não eram e nem são os marxistas-leninistas evangelizadores da separação, que pregam e defendem o separatismo de todos os tipos. Isso seria mais adequado para o nacionalista pequeno-burguês. O dever do comunista é o de combater toda forma de opressão nacional e de colocar ao lado dos que lutam contra o imperialismo. Mesmo que forças políticas muito questionáveis ou recuadas estejam participando ou até inclinando a luta do Donbass, não podemos esquecer que antes de tudo que se trata da luta de uma região contra a opressão nacional, que uma "revolução" forjada pelo imperialismo culminou em ataques baseados em critérios nacionais e linguísticos, alienando populações inteiras que habitam a Ucrânia. Por outro lado, defender a desintegração da Iugoslávia religiosamente com base no "direito a auto-determinação" é um absurdo pequeno burguês, apoiando saqueadores burgueses de caráter chauvinista quando a posição mais correta é a defesa da federação. Os que assim defenderam não levaram em conta nem o derramamento de sangue nem a luta de classes nos seus cálculos, só o dogma da auto-determinação - acabaram num programa inútil sem uma grama de progresso. Não há sentido em defender a independência do Kosovo na nossa realidade, processo desencadeado pelo imperialismo e conduzido por fanáticos criminosos. Isso não quer dizer permanecer acrítico perante o esquecimento da etnia albanesa perante a uma "mui santa e mui ortodoxa" "Grande Sérvia". Isso se aplica a desintegração da URSS, mas o caso iugoslavo é sem dúvida mais dramático.
Como Lenin coloca, o programa marxista da questão nacional é essencialmente negativo: contra a opressão nacional, contra a supressão cultural, linguística, etc.
Até Trotsky reconheceu que no campo nacional se manifestava a luta de classes ("o sectário simplesmente ignora o fato que a luta nacional, uma das formas mais labirinticas e complexa mas ao mesmo tempo de extrema importância de luta de classes, não pode ser suspendida com referências vagas a futura revolução mundial", em "Independência da Ucrânia e os Sectários Confusos", fala acertada de um texto em geral equivocado)
Então, evitem os extremos de rejeitar qualquer causa nacional com base no "internacionalismo" ou de apoiar qualquer causa nacional repetindo como papagaio o lema de auto-determinação. A auto-determinação e a luta nacional deve ser apoiada exclusivamente do ponto de vista da luta de classes. Vamos levar isso em consideração e acompanhar de perto o que está acontecendo no caso Espanha-Catalunya.
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Insistimos que "nacionalismo" é usado em sentido amplo, no sentido colocado, sendo um termo com sentidos variados, considerado um desvio grave na União Soviética e até hoje com a uma conotação de fascismo na Rússia. Mesmo no Donbass, em que há uma luta de caráter nacional e que serve nossa foto, o termo nacionalismo é constantemente visto como a causa dos problemas e uma características dos ucranianos, ainda que encare o início de sua reabilitação no mundo russo.
Leituras recomendadas:
Lenin "Sobre o Direito de Auto-Determinação"
Stalin "O Marxismo e a Questão Nacional"
Foto da República Popular de Donetsk
Texto da Página https://www.facebook.com/Marxistas-Leninistas-1635866380028822/